Meningite associada ás infecções por vírus Oropouche

Abstract

Manifestações neurológicas associadas com infecções provocadas pelo virus Oropouche foram observadas durante o surto de 1980, no Estado do Pará. Tais manifestações consistiram em meningite ou meningismo, e foram observadas em 22 casos de febre de Oropouche confirmados em laboratório. Desse total, 12 (4,1%) casos foram documentados entre 292 pacientes atendidos em regime ambulatorial e em hospital. Febre, cefaléia intensa e tonturas constituiram as manifestações clinicas mais freqüentes, porém, vômitos, letargia moderada, nistagmo, diplopia e distúrbio do equilíbrio também estiveram presentes em alguns doentes. A maioria dos pacientes apresentou rigidez da nuca, e pleocitose foi documentada em todos os 20 casos em que se efetuaram contagens de células no líquido cefalorraquidiano (LCR). Sete a 310 células foram encontradas por mmᶾ, mas na maioria dos casos as contagens variaram de 11 a 50. Em todas as amostras de LCR observou-se predominância dos neutrófilos sobre as células mononucleares. Em 18 dos 22 pacientes documentou-se aumento das proteinas no LCR, porém o nivel de glícose permaneceu dentro dos limites normais. Nenhuma anormalídade foi observada no eletroencefalograma de quatro pacientes. Obteve-se o isolamento do virus Oropouche a partir de uma amostra de LCR inoculada em camundongos. Anticorpos inibidores da hemaglutinação para o virus Oropouche, em títulos oscilando entre 1:4 e 1:80, foram demonstrados em todas as 10 amostras de LCR testadas. Não se visualízaram bactérias ou fungos nas 16 amostras de LCR examinadas. Todos os pacientes se recuperaram sem seqüelas. Não obstante isto, é óbvio que a meningite constitui um componente agravante para o quadro clínico da febre do Oropouche.

Neurological manifestations associated with Oropouche virus infection were observed during the 1980 outbreak in Pará State. Such manifestations were clinically defined as meningitis or meningismus and they were observed in 22 laboratory proven cases of Oropouche infection. Of this total, 12 (4,1%) cases were documented among 292 Oropouche patients from Belém examined in outpatient clinics. Fever, severe headache and dizziness were the most prominent clinical manifestations, but vomiting, mild letargy, diplopia, nistagmus and alteration of the equilibrium were aIso presentin some cases. Nucal rigidity was detected in most of the 22 patients and an increase of cells in the cerebral spinal fluid (CSF) was demonstrated in each of the 20 cases for which cell counts were performed. The cell counts varied from 7 to 310 per mm3 but in most cases they ranged from 11 to 50. Neutrophils outnumbered mononuclear cells in alI instances. In 18 of the 22 patients an increase of proteins was documented in the CSF, but the sugar remained within normal limits. Electroencephalography was performed on four patients but no abnormalities were noted. Oropouche virus was isolated from one of the CSF by inoculation into mice. Hemagglutination-inhibition antibodies to Oropouche with titers ranging from 1:4 to 1:80 were demonstrated in the CSF of each of 10 patients tested. No bacteria or fungus was visualized or cultured from 16 CSF examined. AlI patients recovered without sequelae. Neverthless, it is clear that meningitis is an aggravating component of the clinical picture or Oropouche rever.