Lagoquilascaríase humana e dos animais domésticos
Autor
Fraiha Neto, Habib
Leão, Raimundo Nonato Queiroz de
Costa, Fátima do Socorro Alcântara da
Resumo
Human infection by Lagochilascaris has been linked until today to only one species: L. minor. Parasitic tumoral lesions are frequent in the neck or the ear, with possible invasion of the central nervous system or lungs. There is one case of sacral metastatic lesion. The death rate is estimated to be at least 6,5%. Treatment is difficult and at the present the drugs of choice are cambendazole, levamisole and diethylcarbamazine. Geographical distribution is limited to the Neotropical area, from south Mexico to south Brazil. There are 62 human cases reported till now, 46 from Brazil (43 from the Amazon Region). The majority of cases are from the southeast of Pará State and the north of Tocantins State, in the Tocantins and Araguaia river valleys. A domestic dog from Foz do Iguaçu, Paraná State, Brazil, and another one from near Houston, Texas, EUA, were found naturally infected respectively by L minor and L. major, with mediastinal and oesophagic lesions (the first one) and subcutaneous abscess with a tract for the peritoneal cavity (the last one). The domestic cat has been found infected with two species: L. major (one case from Argentina, with oesophagic, tracheal and gastric lesions and two cases in Rio de Janeiro State, both with cervical lesion) and L. minor (one single case from south Pará State, with cervical lesion too). From the bibliographic data it is possible to suggest a hypothesis for the transmission of L. minor. It is based on: a) the natural reservoirs are probably wild felines; b) the natural enzootic cycle seems to need intermediate hosts for the larval fase; c) these animals are probably the source of infection for the definitive natural hosts; d) man and domestic animals are mere accidental hosts; e) man and domestic animals probably become infected due to oral ingestion of water containing infectant larvae, not embrionated eggs. A infecção humana por Lagochilascaris tem sido associada, até hoje, a uma única espécie do gênero: L. minor. As lesões tumorais determinadas pelo parasito assestam-se, com frequência, ao nível do pescoço, da mastóide ou do ouvido, podendo estender-se a estruturas ou órgãos vizinhos, inclusive o sistema nervoso central e pulmões. Há, ainda, o relato de lesão metastática do sacro. A letalidade é estimada em, no mínimo, 6,5% dos casos. A terapêutica ainda representa um desafio. O cambendazol, o levamisol e a dietilcarbamazina são atualmente consideradas as drogas mais úteis. A distribuição da espécie é exclusivamente neotropical, estendendo-se do sul do México ao sul do Brasil. dos 62 casos humanos registrados, 46 são brasileiros, 43 da Amazônia Legal, com grande concentração no sudeste do Pará e norte do Estado do Tocantins, correspondentes aos vales do rio Tocantins e do Araguaia. Um cão doméstico de Foz do Iguaçu, Paraná, foi encontrado naturalmente infectado por L. minor, apresentando lesões esofágicas e mediastínicas; um outro foi encontrado parasitado por L. major, nos Estado Unidos da América, apresentando um abscesso subcutâneo com comunicação para a cavidade peritoneal. O gato doméstico também é suscetível à infecção natural por essas duas espécies: L. major (dois casos na Argentina, um com lesões no esôfago, traquéia e estômago, e outro com abscesso na região do masséter; e dois no Rio de Janeiro, com lesão cervical) e L. minor (um único caso, do Pará, com lesão também cervical). Reunindo dados da literatura, é possível formular uma hipótese de cadeia de transmissão para L. minor, assim fundamentada: a) os reservatórios naturais correspondem, provavelmente, a felídeos silvestres; b) o ciclo enzoótico natural parece contar com a participação de hospedeiros intermediários, que albergariam a forma larvária do agente, encistada nos músculos; c) esses animais seriam fonte de infecção para os hospedeiros definitivos naturais, quando por eles devorados; d) o homem e os animais domésticos seriam hospedeiros definitivos meramente acidentais do parasito; e) o mecanismo de infecção do homem e dos animais domésticos seria por via hídrico-oral, por ingestão de larvas infectantes, não de ovos embrionados.
Referência
FRAIHA NETO, Habib; LEÃO, Raimundo Nonato Queiroz de; COSTA, Fátima do Socorro Alcântara da. Lagoquilascaríase humana e dos animais domésticos. Zoonoses - Revista Internacional, v. 1, n. 1, p. 23-33, 1989.DeCs
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