Vigilância epidemiológica e evolução molecular dos norovírus em Belém, Pará - 30 anos de estudo (1982-2011)
Autor
Siqueira, Jones Anderson Monteiro
Orientador
Mendes, Yvone GabbayResumo
A importância epidemiológica dos norovírus (NoV) como agentes causadores de diarréia infantil vem aumentando substancialmente, principalmente após a introdução da vacinação contra rotavírus no calendário básico de vacinações de diversos países. É reconhecido, mundialmente, como o principal promotor de surtos de gastroenterite aguda (GEA), porém, é crescente sua contribuição no impacto da doença diarreica em crianças internadas e, também, em nível comunitário. Mudanças antigênicas, eventos de recombinação do RNA e mutações podem contribuir para a evolução do vírus. Em virtude de sua importância este estudo foi envolvendo crianças acometidas por GEA, acompanhadas na comunidade, atendidas em unidades de saúde e hospitais, a fim de identificar os possíveis genótipos de NoV envolvidos nos casos de GEA ao longo de três décadas. Os espécimes fecais foram oriundos de oito diferentes estudos realizados entre 1982 e 2011 em Belém, Pará, Brasil. Um total de 2.520 amostras foi analisado por RT-PCR e sequenciamento de nucleotídeos das regiões A, B, C, D e P2 do genoma viral dos NoV. Foi encontrada uma positividade global de 17,3% (n = 436/2.520), tendo sido caracterizadas 49,5% (216/436) das amostras positivas, demonstrando a presença de vários genótipos: Gene da polimerase viral (GI.P4, GII.Pa, GII.Pc, GII.Pe, GII.Pg, GII.Pj, GII.P3, GII.P4, GII.P6, GII.P7, GII.P8, GII.P12, GII.P13, GII.P14, GII.P21, GII.P22); Gene VP1 (GI.3, GI.7, GII.1, GII.2, GII.3, GII.4, GII.6, GII.7, GII.8, GII.10,
GII.12, GII.14, GII.17, GII.23). Oitenta e três (38,4%) amostras foram classificadas como GII.P4/GII.4 por ambas as ORFs (gene polimerase e VP1) e a análise do subdomínio P2 demonstrou 10 diferentes variantes: CHDC (1970s), Tokyo (1980s), Bristol_1993, US_95/96, Kaiso_2003, Asia_2003, Hunter_2004, Yerseke_2006a, Den Haag_2006b (subcluster “O”) e New Orleans_2009. Foi confirmada a presença de eventos de recombinação em 47,6% (n =
20) das 42 amostras com genotipagem divergente entre ambas as regiões analisadas, com diferentes pontos de quebra dentro do genoma viral, incluindo a pouco usual quebra observada no gene da polimerase viral. A análise evolutiva estimou a taxa de evolução de 1,02 x 10-02 e 9,05 x 10-03 subs./sítio/ano para as regiões C e D da VP1, respectivamente. Estes achados podem contribuir com outros estudos que objetivam o desenvolvimento de uma potencial vacina ou antiviral contra NoV, demonstrando a alta diversidade genética deste vírus observada ao longo do tempo no mundo, incluindo o Brasil.
Referência
SIQUEIRA, Jones Anderson Monteiro. A Vigilância epidemiológica e evolução molecular dos norovírus em Belém, Pará - 30 anos de estudo (1982-2011). 2016. 309 f. Tese (Doutorado em Virologia) - Instituto Evandro Chagas, Programa de Pós-Graduação em Virologia, Ananindeua, 2016.Local de Defesa
Ananindeua / PADepartamento
Núcleo de Ensino e Pós-GraduaçãoInstituições de defesa
Instituto Evandro ChagasDeCs
Norovirus / patogenicidadeGastroenterite
Diarreia
Vigilância Epidemiológica
Evolução Molecular